natalie portman em "free zone"


Aqui, a cena inicial de "Free Zone" dirigida por Amos com uma simples conversa com Natalie Portman sobre suas lembranças na Guerra do Yom Kippur. No mais, a interpretação ficou por conta da trilha sonora.

Cena das mais belas na filmografia de Amos Gitai.

Abraços!
Fábio

Do encontro com Amos


Um Certificado assinado pela Renata de Almeida! Esta que foi a grande companheira de Leon Cakoff, o fundador da Mostra de Internacional de Cinema de SP e falecido em outubro do ano passado. Hoje, a Renata é que comanda a Mostra frente ao intenso e concorrido calendário de exibições cinematográficas que tem assolado, no bom sentido, o Brasil.

Mas aqui escrevo para traçar umas breves palavras sobre outra grande cabeça cinematográfica, a de Amos Gitai. O cineasta israelense chegou com uns quinze minutos de atraso na FAAP naquela 2º feira. Ele trajava um blazer preto e ray bans numa tarde paulista infernal de quente. Nós, ali entre os concretos e vidros da FAAP, tínhamos suas reservas pessoais e intransferíveis de água mineral em mãos, um detalhe de cinema que me fez lembrar rapidamente de como realmente seria a "free zone" oriental, aquela fronteira que Amos visitou entre Jordânia e Síria.

Amos começou falando um pouco sobre sua biografia, de como foi influenciado pelo pai - um dos pioneiros do Exodus que fundou Israel nos 1948 - e de como a Guerra determinou sua escolha pelo cinema: após ter presenciado a cabeça do colega médico explodir ao se lado no helicóptero, ele arrumou suas coisas e foi pra França nos início dos 1980.

A França dos 1980 era bem diferente da de hoje. À época, um tom mais cosmopolita e, pode-se dizer, mais benevolente aos artistas e intelectuais estrangeiros. Sendo assim, Amos foi bem acolhido entre seus pares profissionais do cinema e buscou estabelecer uma cinematografia pautada, de acordo com ele, em suas memórias, nas lembranças de suas famílias e amizades e na biografia de suas fronteiras territoriais natais.

Ele exibiu trechos de alguns filmes como "Free Zone", "Alila" e "Um dia você ainda entender" e teceu comentários sobre eles. Particlarmente, a história mais tocante foi sobre como ele se envolveu com Natalie Portman: na verdade, foi ela quem procurou trabalhar com ele enquanto rodava a série "Star Wars". "Claro que jamais teria condições de pagar os U$ 6 mi que ela recebia de cachê pela série, então quase me esqueci do convite..", Amos disse. Mas depois de seis meses, seu agente chamou sua atenção ao fato de que "não seria de bom tom fazer a Srta. Portman esperara tanto assim", risos na plateia.

No mais, ele se mostrou um profissional muito competente, dono de suas histórias, dedicado a ser um "arquiteto da memória", como ele se afirmou. Arquiteto de formação, Amos disse que não gosta de ver filmes, que raramente se dedica à cinefilia. Poeta por paixão, enfrentou de forma franca à pergunta que não queria calar e só foi ousada no fim do dia: "o que o senhor pensa da Guerra Israelo-Palestina?", perguntaram. "It's a fuckin' shit", Amos respondeu sob risos...

Abraços!
Fábio Monteiro

Magna Aula com Amos Gitai

Tive a oportunidade de participar da Magna Aula de Amos Gitai que abriu a semana de workshops da Mostra de Cinema de SP/ 2012. 

Amos disse que nunca e ainda hoje não é cinéfilo, que não gosta de ver filmes e que, portanto, sua formação de Arquitetura ainda é a fundante do seu olhar cinematográfico. Ele exibiu trechos de "Kedma (2002)", "Kadosh (1999)", "Mais tarde, você vai entender (2008)" e de seu último filme "Canção para meu pai (2012)".

O sujeito é sério e dono de certa ironia. Começou logo pedindo ao público que fizesse algumas perguntas que norteassem a conversa, e assim foi. Ele falou sobre seus filmes a partir de sua biografia, contou como seu pai esteve envolvido na fundação do Estado de Israel, como suas lembranças de Guerra (Yom Kippur e Líbano) determinaram e ainda determinam seus roteiros e, hoje em dia, como ele busca se pautar pelas questões humanitárias no cinema.

Vale dizer que ele decidiu abandonar o Exército e (temporariamente) seu país e sair em busca do cinema na França após ver a cabeça de seu colega de voo explodir com um tiro certeiro enquanto ele pousava seu helicóptero de ajuda humanitária durante a Guerra do Líbano...



com Amos Gitai

Abaixo, o autógrafo de Amos Gitai na Magna Aula do dia 29/10 apresentada durante a 36º Mostra de Cinema de São Paulo. 

Corvo de Gesso 2012

Foi com muita satisfação que recebi mais uma vez o convite do pessoal do Cineclube Jacareí para compor a banca de jurados do Corvo de Gesso Edição 2012!

O Corvo de Gesso é um prêmio dado às produções de baixo orçamento realizadas aqui no Vale do Paraíba  

Para saber mais sobre este prêmio conheça o Cineclube Jacareí:
Abraços!
Fábio Monteiro


Curso Alpha de Cinema


Eis aí o tão esperado Curso de Cinema no Alpha Apoio. Teremos já neste ano três propostas de Cursos de Cinema, sendo um sobre Cinema Contemporâneo voltado para o público em geral; outro sobre Documentário e um terceiro preparatório para Vestibular de Audiovisual.

Entrem em contato conosco através do "www.alphapoio.com.br" e informe-se sobre nosso calendário!
Abraços,
Fábio Monteiro

"Malyebao", "Mallevado" ou "Malvado"


Eis aqui o documentário de curta-metragem que realizamos na Taller Internacional de Jorge Fuentes na Escuela Internacional de Cinema y TV de Cuba, a grande EICTV. O documentário foi realizado por Marlene Guibert (Espanha), Eliecer Jimenez (Cuba), Mario Piche (El Salvador) e eu, Fábio Monteiro, brasileiro nato.

Foram três semanas de trabalho intenso, não tivemos sequer um fim de semana. Primeiro porque, no sorteio, fomos o grupo número 01, isto significa que tivemos que finalizar o roteiro de filmagem no fim de semana para apresentá-lo ao Câmera Raul e ao Sonidista Pardini e, todos juntos colocarmos este roteiro em prática por dois dias a partir das seis horas da manhã de segunda-feira.

Antes disso, vale destacar que foram dois dias de pré-produção procurando uma boa história, uma boa personagem em Baracoa um vilarejo pesqueiro com cerca de cinco mil pessoas onde nenhum de nós nunca estivemos... Sendo assim, nosso primeiro foco seria alguma "pescador furtivo", desses que pescam e vendem seus pescados na rua, e isto implica em uma atividade ilegal em Cuba. Encontramos três pescadores furtivos, entretanto nenhum nos impactou o suficiente pra fecharmos um filme.

Então, voltamos ao José Ramón Herrera, vulgo "Mallevado" (Malvado) - cujo apelido ele escreve como "Malyebao", daí as diferentes versões para o título do filme. Nossa investigação seria abordar este contraste em um homem que é conhecido como Malvado, mas ao mesmo tempo é conhecido e muito querido por todos em Baracoa... Disto adiante, somente vendo o curta.

Para encerrar este artigo - e deixar outras histórias para outros artigos -, vejo que vale a pena dizer que a experiência dos quinze dias intensos com Marlene, Eliecer e Mário foi forte, impactante. Primeiro, pela diversidade de sonoridade e sentidos das línguas espanholas; segundo, porque as visões de mundo sempre eram conflitantes e, portanto, construtivas; terceiro, digo que a presença profissional da equipe da EICTV - Raul, Pardini e da simpatissíssima editora Joanna Montero - nos legou um grande handicap de prática cinematográfica...

Enfim, como diria o Flávio Basso, a EICTV neste junho foi um lugar ducaraleo...

Abraços fortes!
Fábio Monteiro

cubaneria

Esotu de partida para Cuba neste próximo dia 25/05, sexta-feira. A viagem tem como objetivo as famosas talleres internacionales da Escuela Internacional de Cinema y TV de Cuba. Serão três semanas de documentarismo na veia com o Sr. Jorge Fuentes.

Nos últimos meses, foram pesquisadas e assistidas cerca de  quatro dezenas de películas cubanas, sendo corto ou largometrajes, ficciones ou documentales para colocar em dia este processo de pesquisa sobre cinema latino-americano que começou em dois mil e sete. Porém, não é fácil encontrar películas cubanas íntegras e de qualidade para se assistir. Aquelas disponíveis no youtube, em sua maioria estão em baixa qualidade, mas mesmo assim são referêcias fundamentais para se conhecer a história do cinema cubano, a exemplo de Pasado Meridiano, de 1961.Outras referências clássicas, principalmente para los ninõs dos años 1980, é a película Vampiros en la Habana, de 1985, que foi um sucesso de público.


Além disso, antes de partir para o Caribe, registro aqui dois links que me foram importantes fontes de consulta na internet em busca de material fílmico sobre Cuba, são eles: kubaneando  e cubacineonline, sendo eles dois grandes bancos de dados e de películas sobre o cinema cubano.

Enfim, como todo país tem o seu "Ricardo Darin", registro aqui o excelente site do Jorge Perrugoría, um ator que traz em si uma forte identidade do cinema cubano.

É isso. Agora, é arrumar as malas, preparar-se para as escalas em Caracas e producir cinema en la isla, porque sueños son nuestros mejores guiones en esta vida.

Abraços fortes!
Fábio Monteiro

release do "almas"

Cia Teatro da Cidade inicia nova montagem teatral com processo aberto ao público
Em parceria com o Sesc, grupo realiza atividades com profissionais envolvidos na produção, cujo tema será Tchékhov. Processo será registrado em forma de documentário.
A Cia Teatro da Cidade, em parceria com o Sesc São José dos Campos, realiza de maio a agosto, palestras e oficinas com atores do grupo e profissionais envolvidos em sua nova produção, cujo tema será sobre a vida e obra do dramaturgo russo Anton Tchekhov (1860-1904). As atividades, que são gratuitas e abertas ao público e pessoas interessadas, dão o pontapé inicial para a próxima montagem da companhia, que completa 22 anos de existência esse ano, e integram o projeto Almas Abaixo de Zero, aprovado pelo Programa de Ação Cultural (Proac), da Secretaria de Estado da Cultura.
O projeto “Almas Abaixo de Zero” tem o objetivo de criar um espetáculo inédito a partir de um mergulho no universo de Tchekhov e sob esse olhar falar dos problemas humanos e da atual realidade social.
Todo o processo de montagem e as pesquisas sobre Anton Tchekhov vêm sendo registradas pela Coágulo Filmes, para um filme documentário, que será produzido após a pré-estreia da peça, prevista para o próximo dia 25 de agosto. A empresa, também parceira da Cia Teatro da Cidade nesse projeto, criou o blog http://doc-tchecov.blogspot.com.br/ para que pessoas interessadas possam acompanhar de perto o processo de trabalho do grupo.
Nos próximos dias 22 e 23 de maio, às 19h, ocorrem, respectivamente, as palestras “A obra de Anton Tchekhov e o teatro contemporâneo”, com a professora russa Elena Vássina, responsável pela orientação teórica do projeto, e “A cenografia para as encenações de Anton Tchekhov”, com o professor da Universidade de São Paulo (USP) Fausto Viana, que desenvolverá os figurinos e cenário da nova montagem.
Já nos dias 26 e 27 de maio, das 14h às 18h, o músico e compositor Beto Quadros, que assina a direção musical do espetáculo, desenvolve a “Oficina de paisagens sonoras”, que aborda a relação entre ambientação e enredo e como os sons auxiliam na criação de climas às necessidades de cada cena.
A palestra “O Universo de Tchekhov e a dramaturgia”, com Samir Yazbek, que desenvolve o texto dessa nova montagem, ocorre no dia 12 de junho, às 19h. Primeiro brasileiro convidado a escrever para o National Theatre de Londres, Yazbek também escreveu, entre outras peças, “O Fingidor” e “As Folhas de Cedro”, que conquistaram os prêmios Shell 1999 e APCA 2010, respectivamente, de melhor dramaturgia.
Em agosto, nos dias 11 e 12, das 14h às 18h, os atores Adriana Barja, Ana Cristina Freitas, Andréia Barros, Izildinha Costa, Vander Palma e Wallace Puosso, que integram a companhia e  participam dessa produção, realizam a “Oficina de criação atoral”, que aponta dinâmicas para a criação de cenas por meio de processo colaborativo, método utilizado pelo grupo há mais de dez anos para suas encenações.
A nova montagem terá direção de Claudio Mendel, que realizou oficina de direção, primeira atividade que integra o projeto “Almas Abaixo de Zero”, nos últimos dias 5 e 6 de maio, e que coordenará a “Oficina de criação atoral”.
Projeto - O processo de pesquisa sobre o universo tchekhoviano começou no final do ano passado, com leituras das peças escritas pelo dramaturgo, das mais de 4.000 cartas que ele correspondeu com amigos, escritores e parentes, e de seus contos mais significativos, além de filmes baseados em suas obras e documentários sobre o dramaturgo e a época em que viveu.
Considerado o Shakespeare da literatura moderna, Tchekhov ficou consagrado como o mais ousado transgressor da tradição literária clássica e grande renovador da arte dramática, criando um novo paradigma estético do drama contemporâneo.
Atualmente, além de encontros com os profissionais envolvidos no processo de criação do espetáculo, os atores da companhia se reúnem para montagens de cenas baseadas nas pesquisas sobre o escritor e em acontecimentos recentes ocorridos na cidade, além de desenvolver, junto com Beto Quadros, possíveis sonoridades da peça.
Serviço:
“Almas Abaixo de Zero”
Abertura de processo de pesquisa e montagem de novo espetáculo da Cia Teatro da Cidade sobre vida e obra de Anton Tchekhov.
 Todas as atividades serão realizadas no Sesc – av. Adhemar de Barros, 999
Maio
Palestras
22 – “A Obra de Anton Tchekhov e o teatro contemporâneo”, com Elena Vássina
23 -  “A cenografia para as encenações de Anton Tchekhov”, com Fausto Viana
Horário das palestras: 19h
Oficina
Paisagens sonoras, com Beto Quadros
Dias 26 e 27 (sábado e domingo)
Horário: das 14h às 18h
20 vagas
Junho
Palestra
12 – “O Universo de Tchekhov e a dramaturgia”, com Samir Yazbek
Horário: 19h
Agosto
Oficina
Criação Atoral, com Claudio Mendel e atores da Cia Teatro da Cidade
Dias 11 e 12 (sábado e domingo)
Horário: das 14h às 18h
Telefone para informações: (12) 3941-7631
Informações para imprensa:
Andréia Barros (12) 3921-5367 ou 7814-9934

nova produção: "almas abaixo de zero"

Eis aqui o flyer do novo espetáculo da "Cia Teatro da Cidade" neste 2012:


A produção do espetáculo será acompanhada pela Coágulo Filmes e o resultado será um documentário de longa metragem sobre os bastidores e a preparação desta Companhia Teatral em seus desafios frente ao Tchecov.

O diário desta nossa nova produção pode ser acompanhado pelo blog: " http://doc-tchecov.blogspot.com/ "

Acompanhem-nos!

Abraços,
Fábio Monteiro

la mirada cubana #02: fresa, chocolate y los gustos cotidianos


O meu exemplar de “Cinema Cubano – Revolução e Política Cultural” (Mariana Villaça/ 2010), acabou de chegar. Enquanto ainda encontro meios de começá-lo com a voracidade de um aprendiz em Cinema, registro aqui umas palavras sobre um clássico do Cinema Cubano: “Fresa y Chocolate”, uma produção da dupla Alea-Tabio de 1994.

O filme é uma produção internacional realizada com apoio de Institutos Cinematográficos de México, Espanha e o ICAIC - Instituto de Arte e Indústria Cinematográficos de Cuba. Além disso, vale destacar que a produção executiva também é assinada pela Miramax e Robert Redford, ator que criou o Festival de Sundance, que desde 1978 tem contribuído para dar visibilidade à produções independentes de diferentes regiões do mundo.

Destaco inicialmente estes aspectos porque o ICAIC foi a primeira medida de Política Cultural adotada pela Revolução Cubana sendo criado já em 1961, tendo como objetivos claros o comando da máquina cinematográfica a fim de se produzir, digamos, uma ‘consciência social revolucionária e positiva’. Porém, apesar disso, o filme consegue imprimir em seu roteiro um olhar cosmopolita, ou seja, ele traz em sua narrativa um olhar crítico, esclarecedor acerca daquela realidade cubana vivida pelas personagens, especialmente por Diego, homossexual representado impecavelmente por Jorge Perrugoria.

Uma sinopse que pode ser feita é a seguinte: Davi vacila sexualmente com sua namorada. Então, sabemos que ela se casa com outro homem, enquanto Davi, solitário, passa a ser assediado por Diego, um homossexual cosmopolita que tem em sua casa um significativo acervo literário, artístico (e até mesmo etílico!) que demonstra sua postura subversiva frente ao Regime Castrista. A partir deste momento, acompanhamos a amizade de ambos.

Particularmente, admiro o desenvolvimento da ambigüidade da questão de gêneros em sua narrativa. Primeiro, temos que levar em consideração que o filme transita entre a comédia e o drama. E aqui seria importante relevar as contribuições teóricas do próprio Tomás Alea em seu “Dialética do Espectador”, (Summus Editorial, BRA/ 1984), quando traduz Brecht em seu trabalho apontando que “para provocar o espectador é preciso, como condição primeira, que no espetáculo se questione a realidade, se exprimam e se transmitam inquietações, se façam interrogações. Isto é, é preciso um ‘espetáculo aberto’”. Assim, o que vemos ao longo do filme é um esclarecimento sobre os dramas reais de personagens cubanas factíveis que nos convidam para participar de suas expectativas, sonhos e esperanças, afinal Davi ainda sonha com a mulher amada, porém casada; daí que se deixar envolver com uma louca que tenta se suicidar a todo momento por qualquer bobagem. E Diego, quando não sonha com um “american-way-of-life” saboreando seu Red Label, desiste e quer fugir do país - um sonho recorrente já registrado em outro excelente documentário “Balseros” (Bosch, 2002). Um outro nível envolvendo os gêneros desta vez nos remete à sexualidade e a questão do corpo como a própria expressão das contradições políticas vividas pelas personagens, ou seja, o desejo é um elemento diegético que percorre todo o filme e nos propõe insinuações acerca dos rumos daquelas vidas. Afinal, Diego se vale com integridade de sua condição homossexual para expor as mazelas do Regime Socialista. Por sua vez, é interessante ver que, à medida que Davi se afasta da Juventude Revolucionária, ele, também, aos poucos, ganha potência sexual.

O filme ainda suscita considerações acerca de questões estéticas e até mesmo uma leitura a respeito do embargo econômico imposto à ilha pelos EUA desde 1961. Mas estas questões deixo para os próximos filmes “Lista de Espera”, de J.C. Tabio e “Balseros”, já citado acima.

Realizado em 1994, imagino que esta co-produção entre México, Espanha e Cuba foi uma saída para a sobrevivência do ICAIC naqueles tempos de crise dos regimes baseados nos valores do socialismo real. Mas, além disso, considero o importante registrar a coerência narrativa do roteiro e a força dramática dos atores em uma obra íntegra produzida numa conjuntura intensa da História da América Latina.

Abraços!
Fábio Monteiro

do festival de cinema de ubatuba

Fui conhecer Puruba nesta virada de ano. A praia faz parte da cidade de Ubatuba, e dista cerca de 35 Km do Centro da Cidade. Foram sete dias impecáveis à beira do mar no Camping da Dona Bahia, onde temos uma boa infra-estrutura e comida de primeira para acampar.

Ao retornar de viagem, o trânsito era incontornável. E foi naquele pouco a pouco ao longo da Orla da Massaguaçu que notei um grande outdoor anunciando um Festival de Cinema. Pois é, incrível!, até Ubatuba agora tem Festival de Cinema!




O Festival é patrocinado via Lei Rouanet pelas Ceras Johnson, ou seja, a fabricante do repelente "OFF!" Muito bem, o importante é que o Festival está no ar. Agora, creio que aqui cabem uma ou duas questões:

01. Ao acessar a página do Festival, vemos que a proposta, por enquanto, se trata, na verdade, de marcar território; afinal, ambas produções exibidas, "Fábio Fabuloso" e "Chega de Saudade" datam de 2004 e 2007, respectivamente, são filmes que tiveram bom alcance de público e boa repercussão de crítica, mas não trazem nenhuma novidade ao público. Isto é, a ideia é definir uma data da cidade de Ubatuba no calendário do audiovisual brasileiro, e somente isto;

02. Além disso, me pergunto se a questão conceitual da diferença entre "festival" e "mostra" pode ser colocada, afinal é sabido que festivais tem, entre outras funções, trzer à tona novas produções e premiá-las;

03. Outra coisa que me chamou a atenção é a página oficial do evento, que traz somente estes dois filmes como produtos tecnicamente audiovisuais. Ademais, o texto de apresentação nos orienta rumo aos marketings em jogo, seja do turismo da cidade, das empresas envolvidadas ou dos patrocinadores.

De qualquer forma, registro aqui que este balanço é um mero balizador de iniciativas. Apesar de ainda ser um grande evento de marketing, a iniciativa da viabilidade do Festival de Cinema de Ubatuba deveria servir de referência para outras cidades do Vale do Paraíba, tão simplesmente porque demonstra que - partidarismos à parte - o Poder Público pode trabalhar consoante com iniciativas privadas que provam ser o Audiovisual uma componente fundamental da Economia.

Fábio Monteiro